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O sentimento de solidão e a falta de companhia de si mesmo
São muitos os atendimentos em que escuto a seguinte queixa: “Não tenho com quem conversar, nem amigos, parentes, parceiro amoroso, nada, sinto-me completamente só”, muitas vezes completa: “Não gosto de ficar sozinho(a)”.
O que se quer dizer é que se gostaria de alguém com quem pudesse partilhar a vida: suas experiências, pensamentos, assuntos do dia a dia, sentimentos, sensações, enfim, tudo o que a causa desconforto ou dá prazer.
Pessoas nessa situação estarão sempre procurando algo em que preencher o seu tempo, quer seja através da busca direta por companhia alheia, quer por tentar preencher seu tempo com TV, internet, conversas ao telefone, redes sociais; qualquer coisa que as faça ocupar a mente ou estar em companhia de alguém mais.
Ficar só é motivo de grande tristeza, angústia, desconforto de forma geral, de modo que a pessoa procura desesperadamente preencher a ausência com mais alguém, quando isso não é possível se consome na ideia de “fiz tanto pelos outros e agora o que recebo? Sequer uma ligação.”
“coitado de mim que sou uma pessoa só no mundo”, “todos me abandonaram”.
Tentar preencher suas carências e necessidades com outras pessoas é receita para o insucesso e a causa de toda a dor da solidão. Porque ninguém pode preencher um lugar que é seu.
Quando éramos pequeninos gritávamos desesperados por cuidados, atenção, amor, carinho, respeito, de modo que tudo o que queríamos era sermos vistos. Todavia, no momento em que já não somos mais crianças essa responsabilidade agora nos pertence, sob pena de nos jogarmos nas mãos de outros em busca desses sentimentos e sensações e sermos usados ao seu bel prazer.
Dizer que não tem ninguém por companhia é não se enxergar como alguém adulto em suas plenas capacidades de fornecer a si mesmo(a) o que for necessário a seu próprio conforto, segurança e satisfação de viver.
Ao que afirmo: “Então o que você quer me dizer é que você não tem a companhia nem de você mesmo” - A pessoa se espanta: “Como assim, estou dizendo que não tenho a companhia de ninguém e você me diz que não tenho a mim mesma?”
“É, é isso que estou dizendo que você larga e despreza a sua própria companhia, e tenta por outras pessoas no lugar que é seu para estar, espera que o outro faça por você aquilo que você mesmo (a) não faz que é se dar atenção, carinho, amor, consideração e respeito, com isso se sente só.”
Que tal olhar para você mesmo (a) e começar a suprir suas próprias necessidades tanto internas quanto externas? Escutar com carinho, consideração e amor essa pessoinha aí dentro, se acolher quando necessário, levar-se para passear, fazer as coisas que gosta, presentear-se; começar a se respeitar e dar a si o tempo que for necessário para se descobrir?
Não há qualquer garantia nessa vida, muito menos de que teremos alguém do nosso lado eternamente. A única garantia é de nós para conosco mesmo: se aprendi a cuidar das minhas próprias necessidades, valorizar meus sentimentos e sensações, me olhar com respeito, amor, carinho, consideração jamais me sentirei só, pois serei sempre minha melhor companhia.
Autora: Livia B R Garcia
Psicóloga Clínica
CRP 05/56277
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